Crise energética eleva preço da cana

Bons negócios nos canaviais: com a queda na produção de energia das hidroelétricas, empresas de SP já recorrem às usinas de cana

Nos últimos dias as produtoras de energia das regiões Sudeste e Centro-Oeste estão protagonizando uma corrida contra o tempo em busca de uma solução para não deixar os usuários às escuras. E a resposta a essa demanda está no campo.

Com a falta de chuva e a redução do nível dos reservatórios das hidroelétricas – que está a 36%, bem próximo dos 34,5% que obrigaram o país a fazer racionamento em 2001 –, elas já recorrem às usinas de açúcar e etanol, interessadas na energia produzida com o bagaço da cana. E essa procura valorizou o preço da cana.

Antes desse quadro, o megawatt hora (MW) foi vendido a R$ 138. Mas as empresas que possuem energia para vender no mercado livre, em curto prazo, estão vendendo por valores quase 6 vezes maiores. O preço já atingiu o teto permito pelo governo, que é de R$ 822.

Isso representa uma oportunidade de bons negócios para os produtores, já que a bioeletricidade da cana é a terceira mais importante fonte na matriz energética, atrás da hídrica e do gás natural.

E se a procura pelo produto aumenta, a tendência é elevar também o preço da matéria-prima, que hoje é negociada e São Paulo a R$ 49,92 (campo) e R$ 55,76 (esteira). Como o período da safra coincide com a estiagem, essa pode ser a saída para ajudar o país.

No entanto, chama a atenção, como esse tipo de energia ainda é pouco valorizado por aqui. Das quase 400 usinas brasileiras desse setor, apenas 170 produzem energia. Em 2013, elas venderam para a rede 1.720 mw, o que representa 12% do consumo residencial do país.

Seguindo a Associação das Usinas, considerando a moagem de cana e a disponibilidade de bagaço, seria possível oferecer 3.800 mw médios ao mercado,mas a forma como a venda é negociada – a longo prazo e a preços mais baixos – inviabiliza o investimento em novas máquinas.

Se houvesse investimento e reforma das usinas, a entidade estima que até 2022, seria possível gerar energia renovável equivalente ao produzido por cinco usinas Belo Monte.

Foto: Cicero R. C. Omena